Nas oliveiras do quintal, atrás da casa, havia grande quantidade de pintassilgos que ali faziam os ninhos, disputados pela garotada, que se considerava altamente recompensada cada vez que achava um.
Os pintassilgos eram os regulares ocupantes das gaiolas do Zézito, que nos seus treze anos, ali passava as férias.
Um dia, o rapazito ficou impressionado com o comportamento dessas aves.
Ao verem os filhotes nas gaiolas, alimentavam-nos nos primeiros tempos, estudando-lhes o desenvolvimento motor, a capacidade de se alimentar, o tamanho e cor das penas, para definirem a sua iniciação no voo.
Ao verificarem que os filhos, já na altura de voarem, não os acompanhavam, por se encontrarem presos, entravam em trinados esquisitos, mais agudos e rápidos e menos harmoniosos – semelhantes a choro – e, alguns dias depois, procuravam gramíneas venenosas que davam aos filhos, para que se libertassem, pela morte.
Este episódio, que o garoto de então não mais esqueceu, levou-o a não mais usar as gaiolas e guardou aquele exemplo como verdadeiro hino à liberdade.
Constitui, o maior elogio ao amor, e merece tratamento de artista.